Filosofia Clínica e Pedagogia

Filosofia Clínica e Pedagogia

Quando se fala em Filosofia Clínica, muitas são as dúvidas que surgem. No que se refere à Educação, não é diferente: Pais questionam se Filosofia Clínica pode contribuir na educação dos filhos? Educadores perguntam em que sentido a Filosofia Clínica pode auxiliá-los em suas aulas? Como uma escola pode utilizar elementos da Filosofia Clínica em seu projeto pedagógico? No que a Filosofia Clínica difere ou se assemelha às demais teorias pedagógicas? Como entendê-la a partir do conhecimento prévio tido na área Educação? É possível adaptar uma metodologia de trabalho voltada para a individualidade quando se trabalha com grupos, como é caso de uma sala de aula?

Se tentarmos “pedagogizar” a Filosofia Clínica, cairemos em alguns embates teóricos, perguntas e mais perguntas. A Filosofia Clínica não é uma Pedagogia, ela é acima de tudo Filosofia. Quando passamos a engessar conceitos, (tal como acontece com muitas teorias pedagógicas), não temos mais Filosofia. E a Filosofia Clínica é filosófica, ela não pode existir de outro modo.

Este breve texto foi uma carta em resposta a um leitor que me questionou se a Filosofia Clínica se identificava com alguma corrente teórica da Pedagogia em especial.

Na verdade, para responder tal questão, seria necessário escrever no mínimo um livro sobre tal assunto, pois a Filosofia Clínica está fundamentada em mais de 2500 anos de história do conhecimento humano e, nisso, perpassam inúmeras correntes de pensamento – inclusive as teorias da Educação.

Uma resposta filosófica à questão sobre a identificação da Filosofia Clínica com linhas pedagógicas, seria: “(1) com nenhuma delas” e também “(2) com todas elas”.

  • Em relação à Educação de crianças a Filosofia Clínica não se identifica com nenhuma corrente teórica pedagógica específica. Pelo contrário, ela faz uma crítica aos modelos educacionais baseados na universalização do Ser. Se um modelo educacional funcionasse para Todos, significaria que Todos – sem exceção, são iguais. Isso explica parte do fracasso de muitos sistemas de ensino…
  • A Filosofia Clínica apoia a ideia da singularidade humana, ou seja, se as pessoas são diferentes, precisamos de diferentes sistemas de ensino para que deem conta de tanta diversidade. O ideal (embora nem sempre possível), seria que cada criança pudesse ser educada dentro de uma linha pedagógica que mais tivesse afinidade com ela mesma (de acordo com a Estrutura de Pensamento de cada um).

A Filosofia Clínica surgiu inicialmente voltada às questões existenciais, sua metodologia está voltada para o âmbito da clínica e não para a esfera pedagógica. Porém, nos últimos anos, ela vem crescendo e ganhando destaque, com isso, já existem algumas correntes oriundas da Filosofia Clínica que se especificaram em trabalhá-la em outros contextos além do consultório. Temos colegas que trabalham Filosofia Clínica no ramo empresarial, por exemplo. Quem sabe, em breve, teremos escolas adaptando o método da Filosofia Clínica do consultório para a Educação.

A Filosofia Clínica é composta por 62 “itens” básicos, sendo que estes se associam e se derivam entre eles ao infinito; o que torna impossível reduzir a Filosofia Clínica dentro de um modelo educacional específico, que geralmente são fundamentados em apenas em dois ou três destes “itens”.

Como sugestão de leitura (e exemplo), no que se refere à Educação, indico – para quem se interessar, um texto introdutório tratando apenas do item “Epistemologia” da Filosofia Clínica. Segue o link: < https://www.centrofic.org/conversando-sobre-educacao-introducao-ao-topico-epistemologia-da-filosofia-clinica/> .

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